O relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em parceria com as Nações Unidas sobre o futuro dos empregos 'verdes' - ligados a energias renováveis e tecnologias ambientalmente inovadoras - mostra números expressivos.
O documento estima que até 2030 serão criados até 20 milhões de novos empregos nessas áreas. Doze milhões deles só nas indústrias de bioenergia - campo em que nosso etanol de cana se destaca. O motor da criação desses empregos seria o crescimento do mercado para os produtos verdes no mundo todo: a expectativa é que ele dobre até 2020. Hoje essa indústria já move US$ 2,74 bilhões anualmente.
Para Ricardo Guggisberg, organizador da Eco Business Show, feira de sustentabilidade e negócios que acontece em São Paulo de 25 a 27 de novembro, alguns fatos do mercado mundial registram mudanças significativas a favor de um caminho sustentável e do fortalecimento de negócios e ações nessa área. Para ele, não podemos continuar encarando a atual crise mundial com olhos especulativos. "A saída está na inovação das empresas, que devem buscar alternativas mais sustentáveis. O mercado de energias renováveis é um dos mais promissores, porém, o mais importante é que haja integração entre diversos setores, para que se criem novos modelos de negócio", acredita.
Um exemplo de desenvolvimento sustentável que deu certo foi o Bio Etanol para o Transporte Sustentável, iniciado no Brasil e aplicado na Suíça. Lançado em outubro do ano passado, já funciona em São Paulo no corredor Jabaquara/São Mateus no horário de pico da manhã.
O projeto é resultado da parceria do Cenbio com empresas do setor de transporte e combustíveis. O ônibus possui chassi e motor importados da Suécia, país que já adota o etanol no sistema de transporte público, e recebeu carroceria no Brasil. "Em relação ao diesel, há redução de 90% das emissões de material particulado e 62% de óxidos de nitrogênio, além de não emitir enxofre e de diminuir em 80% os gases que provocam o [efeito estufa]", explica Silvia. O veículo possui 270 HP de potência, capacidade para 63 passageiros (31 sentados), ar-condicionado e piso rebaixado para o acesso de deficientes.
A composição do combustível é de 95% de álcool hidratado e 5% de aditivo, necessário para realizar a ignição por compressão no veículo. O motor foi adaptado para receber o etanol e possui maior compressão. O preço do ônibus é de cerca de R$ 450 mil, semelhante aos modelos a diesel.
Fonte: Portal HSM On-line
25/11/2008
Rio Tietê em São Paulo após 16 anos continua poluído e já custou $ 1,5 bilhão de dólares
Rio Cheonggyecheon em Seul despoluido em 4 anos por $ 700 milhões de dólares
Cheonggyecheon e Tietê são muito parecidos, quase primos. Dois rios que cortam duas grandes metrópoles, Seul e São Paulo; dois rios extremamente poluídos, símbolos da degradação das cidades e do desenvolvimento a qualquer custo. Ambos receberam milhões de dólares para serem revitalizados. Aí começa a diferença: além dos milhares de quilômetros que separam Cheonggyecheon e Tietê, um deles foi totalmente revitalizado em apenas quatro anos e hoje tem cascatas, fontes, peixes, crianças brincando e jovens se divertindo. Já o outro está há 16 anos esperando sua limpeza, sem vislumbrar quando de fato isso irá acontecer.
O governo de Seul iniciou o que se pode chamar de renascimento do Cheonggyecheon, no coração da capital sul-coreana, em julho de 2003. Por sobre o fétido canal havia um enorme viaduto, quase um Minhocão, que foi implodido. A revitalização integrou projeto de nova política de transportes públicos para uma cidade sustentável.
Gyengchul Kim, diretor do Instituto de Desenvolvimento de Seul, contou que os governantes adotaram, a partir de 2002, medidas em favor da utilização de ônibus e metrô. O caso mais emblemático foi a derrubada do viaduto sobre o leito do Cheonggyecheon. Em lugar da obra, construída em 1960, foi iniciada sua revitalização, com um parque linear para recreação e atrações culturais.
O curso d’água recebeu peixes e vegetação. Foram erguidas fontes luminosas que se tornaram pontos de visitação. A temperatura em Seul, em virtude das melhorias no meio ambiente proporcionadas pelo novo Cheonggyecheon, diminuiu 3,6°C, indo de 36,3°C para 32,7°C. Tudo ao custo de US$ 370 milhões na época (hoje algo em torno de R$ 700 milhões).
Vencido o desafio, a restauração dos 5,8 quilômetros do rio teve impacto econômico positivo para a cidade. Segundo representantes da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), sediada em Paris, foi criada uma outra imagem da Coréia do Sul, contribuindo para a promoção do país no mercado internacional e para a atração do capital estrangeiro. “Seul deve descartar os excessos do desenvolvimento e se tornar ecologicamente correta, para prosperar. Pense diferente, eco-eficientemente. Não para mais carros, mas sim pelas pessoas”, disse Kim.
O rio sul-coreano era responsável pela drenagem das águas de toda a cidade, com mais de 10 milhões de habitantes. No auge do desenvolvimento, o leito se tornou poluído. A calha principal acabou parcialmente aterrada e agora reaberta. Hoje, as águas que correm por lá são bombeadas do Rio Han.
Aqui, o programa de despoluição do Tietê já custou US$ 1,5 bilhão, ou quase R$ 3 bilhões aos cofres do Estado, desde sua implementação em 1992. Tantos gastos e esforços, e a sensação que se tem é que a poluição continua cada vez maior.
O Tietê, quando atravessa os municípios da Grande São Paulo, recebe uma infinidade de esgotos, efluentes industriais e lixo. O engenheiro Julio Cerqueira Cesar Neto, da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, estima que sejam despejados nos rios e córregos da capital cerca de 39 mil litros de esgoto in natura por segundo, que de certa forma acabam no Tietê.
A poluição proveniente de usinas de energia e automóveis destrói a fragrância das flores e impede a polinização, segundo um estudo realizado por cientistas da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos.
Em um relatório sobre a pesquisa publicado nesta sexta-feira pela revista "Atmospheric Environment", os cientistas afirmaram que esse efeito dos poluentes explicaria a redução das povoações de insetos polinizadores, que se alimentam do néctar das flores, em várias partes do mundo. Essa redução começou a afetar há alguns anos especialmente abelhas, besouros e borboletas, segundo outros estudos.
"As moléculas aromáticas que produziam as flores em um ambiente menos poluído, como há um século, podiam se estender por cerca de 1.000 ou 1.200 metros" de sua fonte. No entanto, no ambiente poluído das grandes cidades, não passam de 200 ou 300 metros. Isto faz com que os insetos encarregados da polinização tenham cada vez mais dificuldade para localizar as flores", afirmou José Fuentes, professor de ciências ambientais da Universidade da Virgínia.
O resultado é um círculo vicioso no qual os polinizadores lutam para encontrar alimento para manter sua população.
Ao mesmo tempo, as plantas que florescem não conseguem a polinização que precisam para se reproduzir e se diversificar, indica o estudo.